Outro dia vi aqui uma frase do Joel Siveira que dizia: “Jornalista não é aquele que toca na banda, é aquele que vê a banda passar”.Então, fiquei me perguntando qual seria a postura correta que eu (aspirante a jornalista) deveria adotar frente às manifestações que andam acontecendo no Brasil. Como iria falar de uma banda sem nem ao menos saber quais instrumentos ela utiliza? Como compreenderia seu show se não soubesse seu repertório? Decidi contrariar o Joel. Assumi o meu lugar na banda e fui para a rua também, achando que assim (e somente assim) conseguiria entendê-la.
Cheguei sem saber muito como fazer, mas fui no ritmo, tentando encontrar uma sincronia quase perfeita. Aos poucos, comecei a entender como ela (a banda) se movimentava. Qual era a vibração dos outros participantes, por que estavam ali, como escolhiam a maneira de fazer seu som. Ao mesmo tempo, também tratava de dar a minha melhor contribuição. Entrei na coreografia e entoei o repertório como qualquer outro participante experiente. Não era tão difícil e não demorou muito para perceber que seria fácil fazer parte da banda.
Então, percebi que deveria recuar. Abandoná-la seria a solução mais sensata. Foi quando entendi que o meu lugar não era lá na banda e sim na plateia. E o meu dever não era tocar e sim contar aos outros como a banda tocava.
Joel estava certo, afinal.
Foto: #RevoltaDoBusão, em Natal/ RN.
É isso aí. Você é cidadã, além de jornalista (essa coisa de aspirante é bobagem!) Como cidadã, não pode apenas ver a banda passar. Mas como jornalista não pode ser parte dela. Parabéns pela cidadania. E parabéns por usar o seu maior talento para contar. As manifestações nunca teriam sentido, em lugar algum, sem uma imprensa livre para relatar o que se diz e se faz nelas.
ResponderExcluirMuito bem!!!! Seu texto é ótimo!!! Continue assim...
ResponderExcluirComo sempre relatando tudo com essa sensibilidade incrível!
ResponderExcluir